A sabedoria do silêncio: fale menos, observe mais

A sabedoria do silêncio: fale menos, observe maisSe pararmos por um momento, podemos chegar à conclusão de que o silêncio foi simplesmente retirado de nossas vidas.

Onde é que está o silêncio, afinal? Isso é difícil de ser respondido para quem mora em uma cidade grande, por exemplo.

Durante a semana, o barulho dos carros em engarrafamentos, das construções de prédios e estruturas urbanas que parecem nunca ser concluídas, nos afastam de qualquer possibilidade de um encontro com o silêncio.

Aos finais de semana, muitas vezes somos expostos ao barulho incessante das pessoas ao nosso redor, música alta, aparelhos eletrônicos e conversas efusivas que vem de festas próximas, bares e baladas. Todos parecem estar querendo aproveitar o momento de descanso a todo vapor, como se o mundo fosse acabar.

Porém, as pessoas não percebem que, apesar de um alívio imediato do estresse, estas atitudes podem deixá-las ainda mais cansadas no dia posterior. Claro que é importante se divertir e confraternizar, mas o espaço para o silêncio deve ser preservado.

Como reencontrar o silêncio?

O exercício da observação pode ser uma das melhores formas. Por vezes, em uma conversa entre amigos, sentimos que estamos ouvindo ou dizendo palavras esvaziadas de sentido.

A razão disso pode ser que, em meio a tanta confusão do dia-a-dia, quando encontramos um momento de lazer, não queremos nos desgastar ainda mais com o famoso “papo de elevador”, por isso nosso cérebro parece nos fazer um convite à reflexão.

Nestas situações, sentimos como que um “nó na garganta”, sendo a própria expressão já um convite ao silêncio: o corpo querendo paralisar as cordas vocais.

Isso ocorre quando, ao observarmos com atenção o exterior, acabamos por enxergar situações, pessoas ou atitudes que nos mostram o quão pequenos podem ser os nossos problemas em relação aos dos outros.

Então, paramos por um momento e refletimos se as palavras que proferimos realmente espelham a nossa práxis, ou seja, a prática das nossas ações. Assim, o silêncio pode ser a melhor forma de refletirmos sobre nossos atos.

Observar é se comunicar

Podemos ser considerados esquisitos ou alienados por optarmos pelo silêncio. Quantas vezes já não escutamos ironias como “nossa, como você fala!”, por estarmos em momentos reflexivos, de observação. Pensar, observar, é também conversar com o mundo ao seu redor.

A verborragia das pessoas muitas vezes pode ser um sinal de que não se tem nada a dizer. Há uma frase que resume isso: “é melhor saber falar bem sobre coisa nenhuma do que falar mal sobre muita coisa”, ou seja, nem sempre o conhecimento sobre diversos assuntos fará o interlocutor parecer interessante.

A maneira como esse interlocutor aborda cada temática, em horas oportunas, o fará digno do que leu e aprendeu, pois saber diluir suas palavras em meio ao silêncio é fundamental para qualquer relação.

Silêncio e trabalho

É preciso aceitar: quando estiver cansado de falar ou interagir, não se sinta deselegante ao simplesmente abandonar uma roda de conversa. Os momentos de silêncio podem ser muito importantes para o autoconhecimento, crescimento pessoal e profissional.

No trabalho, podemos querer aproveitar nosso horário de almoço para recarregar as energias não somente por meio do alimento, mas prezando pela tranquilidade que esses poucos minutos nos trazem.

Portanto, não se preocupe em ser visto como antissocial por não querer estar sempre em grupo. É óbvio que a união e a troca de ideias com os companheiros de trabalho é de suma importância, mas precisam ser administradas junto a momentos de silêncio e reorganização mental.

O importante mesmo é encontrar o equilíbrio e se sentir bem!

Mas, em meio ao cotidiano conturbado, onde encontrar o silêncio?

Pode parecer estranho, mas a cidade oferece pequenos refúgios para um reencontro com o silêncio. Não é necessário ser religioso, mas quando estiver sentindo-se contaminado pelo barulho, busque locais como templos, catedrais, capelas, entre outros lugares onde na maior parte das vezes predomina o silêncio e a atividade meditativa. E o melhor, sem gastar nada por isso.

Por outro lado, praças, parques ou locais arborizados podem trazer tranquilidade em meio ao ambiente urbano. O simples observar da natureza, o contato com a grama, com a água, oferecem paz interior e um processo natural de relaxamento e recarga das nossas forças vitais.

Todos contra o silêncio?

É recorrente ouvir pessoas dizerem que suas vidas estagnaram, estão paradas e nada parece acontecer de novidade. Se esquecermos do agora, de aproveitar e valorizar o momento presente, podemos nos sentir sempre incompletos, sempre em busca de algo que não se revela em sua completude. O silêncio pode ser um convite à reconexão com o Ser.

Mas não podemos nos sentir culpados por isso. Estamos inseridos em uma cultura que preza pela velocidade, pela momentaneidade das relações e pelo excesso. Termos atuais como “maratonar” comprovam essa mudança. Porém, para não adoecermos dentro deste processo, é necessário buscar momentos de tranquilidade.

Atitudes pequenas como deixar o celular de lado por um tempo e evitar se manter muito em frente à TV são fundamentais para encontrarmos os benefícios da quietude.

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